Serviço Público

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Este artigo no GLQL é um excelente exemplo de como os blogs podem servir de contra-poder, desmistificando muita notícia levada a público pelos jornais e como é feita a sua fabricação por jornalistas menos sérios. Neste caso, a intenção é atingir José Sócrates e o PS com um alegado caso de corrupção a propósito da construção do Freeport de Alcochete e a utilização de dinheiro sujo no financiamento partidário. A notícia saiu no Independente, mas o DN e outros jornais também o fizeram. A diferença entre o Independente e o que os outros noticiam é notória e o que diz é brutalmente acusador:

A Polícia Judiciária (PJ) tem "fortes indícios" de que a alteração da Zona de Protecção do Estuário do Tejo por José Sócrates terá tido como contrapartida o financiamento de campanhas eleitorais do PS". A ler

E esta semana tivemos outro exemplo, com as 'afirmações' de Cavaco Silva no Público e o seu posterior desmentido. Agora pergunto, em quem devemos confiar? Nos políticos? Nos jornais? Ou em nenhum?

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5 Comentários

Caro Frederico,
a sua insistência em se referir, e como o faz, aos “políticos” leva-me a reagir.

Num sentido lato de democracia, que defendo, somos todos políticos; num sentido restrito, redutor, a que tenho de me adaptar sem abandonar o outro sentido, “políticos” são os que se “dedicam à política” e a protagonizam. Quer num, quer noutro sentido, não somos todos iguais!
Aliás, um cidadão “qualquer coisa” (economista, metalúrgico, médico, agricultor, engenheiro, carpinteiro, “político”) pode ser o que a sua qualificação, ou adjectivação, exigiria ou pode não o ser.
Ademais, na política, em teoria – e na prática de alguns –, os “políticos” defendem ideias, projectos, maneiras de organizar a sociedade, o viver colectivo, que são, ou seriam, diferentes, e que serão, ou seriam, coerentes com concepções diferentes de vida, do homem, da sociedade. Pelo que, podem dois “políticos” ter opções, avaliações e posições diferentes, até antagónicas, e serem igualmente sérios e honestos, no sentido de coerentes com o que defendem. Embora alguns não defendam o que dizem defender…
O que não aceito é que se generalize, e se fale dos “políticos” como um conjunto homogéneo, corporativo, casta ou pior ainda. Essa é, objectivamente, uma forma de desacreditar a política, o que serve alguns “políticos”, precisamente os que não são sérios (como o não seriam noutro qualquer “ramo”), os que, tantas vezes, defendem e fazem o contrário do que dizem defender!

Caro Sérgio Ribeiro. Entendo a sua preocupação em separar as águas nos que falam dos 'politicos' como uma classe ou casta igual no seu todo e que os juntam no mesmo saco, conotando-os com o que se faz de pior na política. Quando falei nos políticos, estava-me a referir não a todos mas aqueles que usam e manipulam notícias com o propósito de criar boatos, gerar confusão e atingir pessoas a nível político, profissional e pessoal. Utilizam e são utilizados por jornalistas e editores de redacção sem problemas em fabricar notícias ou ampliar o que não existe. O facto é que isso é feito por muitos políticos (e não só), sejam de Esquerda ou de Direita em jornais ditos de referência, como o Expresso, o Diário de Notícias ou o Público. Só que, confesso, a maneira como escrevi sobre 'os políticos' pode levar a pensar que eu estou a generalizar. Mas não estou e também acho que existem políticos que fazem a diferença. Mas, com toda a franqueza, este país tem um défice de bons políticos e isso atinge todos os partidos. Só que o grau de exigência nos politicos pelo povo que vota fica-se mais pela preservação dos interesses instalados. A classe política actual será um reflexo do país?

Irra... Que já cheira mal esta conversa. Parece que o mal de toda a sociedade são os políticos!
Não gostam dos políticos? Acabem com eles. E já agora com a democracia. E que venha um ditador e que cale de uma vez por todas toda a gente. Que nem jornais, blog's ou outros possam emitir opinião. Ou menos assim é de vez.

É que há quem ainda não tenha reflectido sobre o facto de existirem maus e bons políticos, como há bons e maus sapateiros, pedreiros, médicos, professores, engenheiros, advogados... Mas o alvo são sempre os políticos. Aí que raça essa a dos políticos...

Talvez fosse altura de reflectir, por parte daqueles que "só falam, falam, falam e nunca se lhes conheceu nada feito a favor da sociedade", que as pessoas que andam na política, pelo menos aquelas com quem converso e acompanho, o fazem por amor à causa pública. São pessoas com a sua vida profissional estabilizada, que não dependem da política. E a maior parte delas, cansam-se e entristecem ao assitirem à crítica oca e inconsistente por vezes praticada.
É preciso discernimento. E se há maus políticos a serem apontados, que os chamem pelos seus nomes de baptismo, para que o lamento/choro/agrressividade/aversão não recaia sobre o todo.

São os "sapateiros, pedreiros, médicos, professores, engenheiros, advogados...", quando tranformados em políticos, que governam o nosso país, que nos podem dar melhor qualidade de vida, são sim pessoas eleitas pelo povo, povo que vota e têm direito a dizer que está mal e não prestam! Quem faz bem não se deveria de preocupar com o "diz que disse", porque se o fizer a carapuça servir-lhe-á. Ser político é uma "metamorfose" de um ser humano com a sua profissão.
Uns não se esquecem, outros... dá-lhes jeito que assim aconteça.
Quanto a acabar com a democracia, ó jh, acho que te enganaste e querias dizer anarquia.

Uma última palavra minha nesta questão. Tal como o Miguel e a maior parte dos que visitam este blog eu não sou político, sou apenas um simples cidadão, um oureense. Discuto política na medida das minhas possibilidades, faço passar a minha opinião, o meu ponto de vista, gosto de ler as outras opiniões, contrárias ou não. E gosto de estar informado, mas bem informado. Ora, os jornais como media tradicional, e os jornalistas em particular, tem um papel fundamental na informação, mas muitas vezes esse papel está longe de ser objectivo e honesto. E é isso que aqui quis referir. Mas não meto tudo no mesmo saco, não digo que todos os jornais ou todos os jornalistas fabricam notícias diáriamente. Mas isso acontece muito mais vezes do que se pensa e acontece por todo o lado, desde o diário nacional até ao jornal local. E existem políticos que deixam escapar 'notícias falsas' e pactuam com jornalistas sem escrúpulos. E o segredo de justiça, alguém se lembra? É impossível a um jornalista ser objectivo, mas o que eu apenas quero dele é que reporte o que se está a passar. E é o que muitas vezes não acontece, ou por falta de vontade ou por falta de meios. Quanto aos políticos e referindo os que passam a vida a lamentar-se do modo como são tratados pelos meios de comunicação tradicionais em vez de continuarem com o choro poderiam começar a olhar o futuro e olhar para a Internet e os blogs como um meio de se fazerem ouvir, sem intermediários, sem jornalistas, sem espaços e custos associados. É o único meio em que o podem fazer de maneira directa e livre. O que escrevem pode ser lido directamente pelos eleitores. É óbvio que os blogs, e falando no caso português, ainda são um fenómeno elitista, não é um meio de comunicaçao de massas como a rádio, a tv e os jornais. Só que a audiência dos blogs aumenta a cada dia que passa e continuará assim por muito tempo. É inevitável. Os blogs não vão substituir os jornais, nem os 'bloggers' vão substituir os jornalistas até porque são coisas diferentes. Só que o papel dos blogs é mais importante do que se julga. A segunda geração da Web em que estamos agora, deriva muito da dinâmica dos blogs. Deixamos de ter páginas estáticas para ter um novo 'media' contínuamente actualizado por milhões de pessoas, de individuos como eu, como nós que dizem o que pensam e escrevem por milhões de blogs por todo o mundo. Por isso, João Heitor e Sérgio Ribeiro, a vossa participação neste blog ou outro só os dignifica ainda mais como políticos. Espero que percebam isso.

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