Texto apanhado no Acidental:
Aqui há uns tempos o presidente da Câmara Municipal de Borba, inaugurou com pompa e circunstância uma variante à cidade. Mas aquela não é uma variante qualquer. É uma obra-prima do asfalto, digna das mais importantes circulares do mundo, com ligação directa entre a auto-estrada e o parque industrial. Isto sim é desenvolvimento, dirá o edil.
Menos satisfeitos ficaram os comerciantes e os hoteleiros da zona. Os famosos antiquários ameaçam fechar e os deliciosos restaurantes estão vazios. Porquê? Porque desde que foi inaugurada a variante que o trânsito deixou de passar no centro de Borba. Com tão imponente estrutura rodoviária, com tantas ligações directas, as pessoas simplesmente deixaram de parar em Borba.
Que importa o comércio quando Borba com a sua variante pode agora competir com Praga ou com Dublin para atrair vultuosos investimentos industriais?
Borba é só um bom exemplo para o nosso interior. Milhões de euros em variantes, rotundas, palácios de justiça, estátuas aos bombeiros, parques industriais e cidades cada vez mais desertas.
[Rodrigo Moita de Deus]
O que acontecerá a Ourém depois de construido a IC9 e a variante da Av. D. Nuno Álvares Pereira? Sou daqueles que defende a IC9 e a variante em Ourém, mas considero que o asfalto e acessos não são modelo único de desenvolvimento. É por isso que receio que Ourém, a 15 minutos de Leiria ou Tomar se torne um mero dormitório. A não ser que aproveite a proximidade no eixo Leiria-Fátima-Tomar.
eu ia responder, mas nem sei por onde pegar. olha, é o que dá ler blogs da treta que ideias sensatas e honestas têem zero. e há tantos e tão bons blogs de direita por aí...
Caro Fred,
há várias histórias dessas: Borba, Canal Caveira, Mimosa...
Creio que Ourém é um pouco diferente. Há muita gente que pára e estaciona para aqui trabalhar e vê-se um trânsito caótico a atravessá-la.
Penso que a circular e a IC9 são das poucas boas ideias para a nossa terra se não contribuirem para fraccionar povoações. Claro que poderiam ser acompanhadas, noutras vias, por melhorias tipo passeio para peões, pistas para bicicletas, desaceleradores, rotundas em pontos de entroncamento chave que penso ninguém se está a lembrar e já foram muitas vezes faladas neste blog e no forum Trombone (Gaiteiro...)
Pois, é como tanta coisa na vida, bom para uns, mau para outros. É preciso equacionar bem e analizar o que será melhor para Ourém e seus habitantes.
Desde sempre que sou um apoiante da IC9 e no melhoramento de accessos não só para Ourém, mas em todo o concelho, sobretudo o norte, que bem precisa. Mas continuo a dizer que não basta criar acessos, é preciso também fixar pessoas no trabalho. É uma oportunidade que não deve ser posta de lado com a construção do IC9 (não se sabe é quando).
Apesar de não conhecer o caso de Ourém queria deixar uma nota para a vossa discussão. Parece-me óbvio que a política de construção de acessos é fundamental. Mas também me parece óbvio que esses acessos, quando desprovidos de mecanismos de criação de riqueza, não servem para fazer "entrar", mas para fazer sair.
As políticas autárquicas devem passar por investimentos prioritários nas suas mais valias. E quando falo de mais valias digo que nem todos podem querer ser centros industriais, centros de investigação em novas tecnologias ou quaisquer outras modas que vão passando. Borba tinha a sua mais valia em relação aos concelhos vizinhos. Como não investiram nessa área a mais valia esta não se afirmou e acabou por diluir-se com a construção da variante.
Penso que este é o grande problema da política. Os políticos optam por estratégias de curto e médio prazo. Precisam de mostrar alcatrão e estátuas para ganhar eleições, mas a longo prazo quem perde é a própria autarquia.
Um abraço
Rodrigo Moita de Deus
Estamos num mundo de mudanças e em constante evolução e não podemos parar a olhar para o passado...
Existem vários casos de insucesso com a criação de variantes, mas também existem casos de sucesso e cabe aos comerciantes adaptarem-se às novas realidades. Vejamos por exemplo o caso da Bairrada, que ficou às moscas após a construção da A1. Os restaurantes souberam-se adaptar e especializaram-se num produto que se tornou referência e que acabou por levar as pessoas a saírem da auto-estrada para se deslocarem à localidade. Nas restantes localidades é necessários que as pessoas também se saibam adaptar e especializar, de modo a poderem continuar a atraír visitantes.
Caro Fred,
Agora desiludiste-me! Eu até gostava deste blog! Enfim, as aparências iludem mais uma vez!
Então se Leiria não tivesse a variante como seria? Uma grande confusão naquela avenida. É o que acontece em Ourém hoje em dia.
Se uma pessoa quer ir a uma cidade vai e pronto, não pode ser obrigada a passar por lá para ir para outro sitio. Uma vez perguntei a uma pessoa de longe se conhecia Ourém, ela respondeu: "Sim, acho que passei por um terra quando ia de Leiria para Tomar, mas não me lembro do nome...". Essa pessoa de certo que se iria lembrar da nossa terra de houver alguma coisa de interesse por lá e não porque uma vez teve de lá passar forçosamente.
Para desenvolver uma terra é preciso criar atractivos e ponto final.
Se continuas assim, perdes um visitante
Mais uma vez e para não me repetir ainda mais, eu não disse que era contra a variante ou o IC9. Aliás, abordei logo esse tema no início deste blog e desde sempre apoiei o IC9 já que sei perfeitamente que a Av. D. Nuno Álvares Pereira está bastante saturada e não é de hoje. Agora, fazer das variantes e acessos modelos *únicos* desenvolvimento é algo que não acho positivo. E foi apenas isso que quis afirmar. Se uma pessoa que more em Ourém pode chegar pelo IC9 a Leiria em poucos minutos, e se em Leiria obtém melhores ofertas de emprego, lazer, etc, onde é que ela irá? Para esse grande centro. Alguém em Leiria, Tomar ou outra localidade com a IC9 poderá chegar rápidamente a Ourém. Mas o que é que alguém em Leiria encontrará em Ourém? Melhor qualidade de vida? Habitação mais barata? Empregos? Um empresário encontrará boas condições numa zona industrial em Ourém com bons acessos pela IC9? Para resumir, a IC9 só por si, não vai resolver todos os problemas, mas pode ser o começo de uma série de políticas que bem *planeadas* podem ajudar a desenvolver de facto o concelho e não o tornar um mero dormitório ou zona-satélite. É apenas isso que receio, mais nada. O que não me impede de querer a construção do IC9 e variante por Ourém o quanto antes.
Volto a encontrar-te, triste visitante, agora denominado Progresso. Não sejas tão mau para o Fred. No fundo, estamos todos de acordo: queremos a IC9, queremos a circular exterior, queremos projectos que originem rendimento em Ourém. Pode ser o palhete, pode ser a capital do móvel, pode ser algum turismo, pode ser outra coisa que não me lembro, mas queremos o desenvolvimento. Queremos também um centro comercial em grande que não seja construído em leito de cheia contra a legalidade vigente. E, está visto, basta ler este e outros blogs da terra, queremos respeito pelo passado, pela memória da nossa terra.
Se calhar, estamos todos de acordo. Por isso, fechemos o tópico sem chatear mais ninguém...
Antes da ultima Mócada, deixo mais uma achega...
Não serão as boas vias de comunicação o principal factor de desenvolvimento das cidades de hoje?
Ou será que nos queremos fechar como no "tempo da outra senhora", orgulhosamente sós e isolados??
Veja-se o caso de T. Novas, que nos está a ultrapassar em todos os aspectos numa velocidade vertiginosa...
Ou o de Pombal, onde já estão sediadas e a laborar empresas com enorme potencial...
Tal como nestes dois casos, a sua situação geográfica (centro do país) aliada a boas vias de comunicação tornam-se factores importantes para atrair investimento.
Nem que seja como dormitório... O Entrocamento também era dormitório!!!... neste momento deixa-nos "envergonhados" do ponto de vista comercial, infelizmente para nós.
O IC9, por si só, não vai resolver todos os problemas, mais vai concerteza potencializar a nossa cidade para o futuro...
QUE VENHA O IC9