Num texto escrito em 1926, Fernando Pessoa dividiu a humanidade em três categorias: os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra.
E remata o pensamento com uma frase espectacular: «estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando».
Está aqui escondida, sob a mesma lógica, uma das paródias do sistema representativo: o povo, sendo soberano, é ele quem escolhe e assim decide, e por isso manda, através do voto, aqueles a quem há-de obedecer.
Claro que, às vezes, aparecem estes que andam agora por aí: são os que não nasceram nem para uma nem para outra coisa.
por José António Barreiros, A revolta das Palavras.
por José António Barreiros, A revolta das Palavras.
Pois eu ainda não descobri para o que é que nasci. Uma coisa eu sei! Não nasci para aturar isto (esta situação caótica em que vivemos) que até sei como é que se resolvia: com verdadeira democracia. E não se me dá quem é que ficava aonde. Garanto que arranjava maneira de os meter, a todos, na ordem; ou seja, cada um no seu lugar, como convém em democracia; como consiste na "essência" da Democracia. Portanto, Help! Haja democracia. Cada macaco no seu galho. Mas a culpa não é só deles. Agem assim, porque lhes consentem!