Viagem ao futuro

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Em baixo, escondida, está uma história. Faz parte de um livro de edição doméstica da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos D. Afonso, 4.º Conde de Ourém. O texto é da Sara Francisca Faria de Sousa. Obteve uma menção honrosa num concurso literário escolar. A Sara tem 11 anos. É aluna do 6.º ano. E deu autorização para que o seu texto fosse aqui reproduzido. Agradeço-lhe.

Viagem ao futuro

Perguntava-me a mim própria como seria o futuro... Pensava que devia ser um mundo de alegria, sem conflitos e essas coisas todas.

Ora, um dia, em casa do meu tio que é cientista, vi uma máquina oval com muitos botões. Tinha a porta aberta. Entrei, carreguei num botão e a máquina começou a mexer e a fazer barulho. De repente, parou. Abri a porta, saí e vi que estava num mundo diferente.

Havia carros voadores, passadeiras rolantes, robôs por todo o lado. Vi uma loja muito grande com uma placa por cima da porta que dizia: «Sapateiro Ão! Ão!». Fiquei espantada com o nome e decidi entrar para saber onde estava. Entrei e vi um monte de sapatos por arranjar. De repente, apareceu um cão que me assustou e disse:

- Sapateiro Ão! Ão! ao seu dispor. O que deseja?

- Só queria saber onde estou – respondi eu.

- Bem, neste momento, está na minha loja – retorquiu ele.

- Mas em que cidade me encontro? – perguntei.

- Está no futuro, minha menina.

Saí da loja, olhei à minha volta e vi animais, robôs, plantas andantes, carros voadores, pessoas de lata e coisas horríveis também.

Vi outra loja. Entrei sem ver a placa. Lá dentro, havia muitos tipos de roupa, mas para robôs. Saí, farta de tanto metal, e quando olhei para a placa vi que dizia: «Robôs Metal Roupa». Estava escrito ao contrário.

Comecei a correr e tropecei em três ratos. Pedi desculpa e fiquei um pouco intrigada quando eles responderam:

- Não tem mal.

Pensava que o futuro desta maneira não tinha sentido nenhum, achava que devia ser um mundo com pessoas, animais e plantas, como no meu mundo, e não apenas robôs. Fiquei triste porque me queria ir embora, mas não sabia como.

Apareceu, então, uma menina muito simpática que me perguntou o que tinha e como lá fora parar. Contei-lhe a minha história e ela explicou-me que o mundo dos robôs não era assim tão mau. Ficámos amigas e vivi por lá uns anos. Foi muito divertido!

A escola do futuro era diferente. Era mais divertida, os professores explicavam lindamente a matéria, não tínhamos greves, víamos muitos filmes, fazíamos jogos. Não escrevíamos em cadernos, mas tínhamos um computador e uma mesa para cada um de nós.

Um dia senti-me mal, pois tinha saudades de casa, do meu pai, da minha mãe, dos amigos e mesmo do mundo a que pertencia. A minha amiga ficou muito triste por me ir embora e disse-me uma frase que nunca irei esquecer:

- Mesmo vivendo num outro mundo, no passado, ficarás a fazer parte da nossa vida, da nossa história.

Fui com ela a casa do dr. Dentolas que era um cientista como o meu tio. Comecei a pedalar numa bicicleta que me transportou até ao ano de 2004. Saí na máquina oval com muitos botões. Esperava ver o meu tio, ali, à minha espera, mas, quando olhei para o relógio, ainda não tinha passado nem um minuto.

Quando entrei em casa, fiz todos os possíveis para que ninguém desconfiasse da minha viagem. Cheguei à sala. Para meu grande espanto, vi a minha amiga Megarobô sentada no sofá à minha espera. Fui ter com ela e vi que, afinal, era um holograma. Falei com ela e ela disse-me que podíamos falar sempre que quiséssemos.

Assim foi. Quando estava triste ou necessitava de desabafar, carregava num botão ao lado da mesa-de-cabeceira e o holograma aparecia. O meu quarto ficava protegido por uma placa que impedia o barulho de sair e, se alguém entrasse no quarto, via-me a dormir.

O resto da minha vida foi assim, a esconder da minha família e dos amigos uma aventura fantástica no futuro.

Um dia, na escola, a professora mandou escrever uma composição para um concurso literário e eu contei esta mesma história, talvez com imaginação e pequenas mentiras. Da minha boca não saiu nem uma palavra, mas da minha mão e da tinta da caneta saiu uma história sobre uma viagem ao futuro.

Sarovsky

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1 Comentário

adorei o projeto de vcs..

beijos e esperarei respostas...


fui...

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